Os valores civilizatórios africanos e indígenas nas práticas de fortalecimento da cultura de paz nas escolas brasileiras
DOI:
10.47270/ra.v6i12.911Palavras-chave:
Violências, Cultura de paz, Valores civilizatórios africanos e indígenas, Relações Étnico-raciaisResumo
Com enfoque nos debates de promoção de cultura de paz como resposta ao enfrentamento das violências nas escolas brasileiras, este artigo, busca apresentar que valores semelhantes ao que propõe a cultura de paz já estão presentes nas culturas dos povos africanos e indíge-nas, mas que precisam ser ensinados e vivenciados nas escolas do Brasil como fator para transformações sociais. A proposta do artigo advoga na centralidade de valores civilizatórios originários de África - que se difere do antirracismo que é da categoria ocidental - e está relacionado a valores que permeiam a diversidade, a comunidade, o respeito pela natureza e todos os seres que a compõem, ou seja, são essenciais para repensar as relações sociais e étnico-raciais a fim de trilhar caminhos que possam superar as práticas violentas que são concebidas pelas limitações hegemônicas do currículo padrão eurocentrado ao extremo. Como resultado, o artigo alerta que a cultura de paz está diretamente ligada às leis 10.639/2003 e 11.645/2008 uma vez que o propósito social e coletivo de paz está conectado ao enfrentamento das desigualdades que mantém as violências e giram em torno das ques-tões raciais que marcam o processo histórico-social do Brasil.
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