Desafios e perspectivas dos estudantes na transição do ensino médio para o superior

Resumo

O ensino regular é a maneira mais comum e conhecida para conclusão do ensino fundamental e do ensino médio, onde os níveis de ensino escolar são compatíveis com a faixa etária dos discentes. Porém, existem outras formas para concluir tais graus de estudos, como o EJA, Educação para Jovens e Adultos, que é um programa voltado para quem não concluiu os estudos em tempo regular e, devido ao fato de que seu público em maioria já trabalha, possui uma carga horária reduzida em relação ao ensino regular. Já o Encceja, Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos, consiste em uma prova a nível nacional que permite concluir tanto o ensino fundamental como ensino médio, sendo uma das maneiras mais rápidas para finalizar a escolaridade básica. Existem ainda o Telecurso e o Supletivo, que possibilitam aulas no formato EAD com a supervisão de um tutor responsável e com aplicações de atividades avaliativas. Nesse sentido, observa-se que, no curso de Licenciatura em Matemática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso campus Confresa, os discentes provém de diferentes tipos de formação básica o que pode contribuir para suas dificuldades ou para seu êxito, não só nas disciplinas, mas também no curso como um todo. Além disso, outro fator importante, que tem se tornado um aliado às dificuldades enfrentadas pelos estudantes, é o tempo de transição entre a conclusão do ensino médio e o ingresso ao ensino superior, bem como a formação em meio à recente pandemia da COVID-19. Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo analisar os meios de conclusão do ensino básico dos nossos licenciandos, investigar suas principais dificuldades e obstáculos ao longo do desenvolvimento do curso, encontrar as relações entre esses dois eixos, indagar os discentes sobre suas perspectivas com o curso e com relação a essa adaptação ao processo de transição do ensino básico para o ensino superior. Além de propor estratégias de estudos que os auxiliem a superar tais dificuldades e que possibilitem concluir o curso com êxito. Sobre a transição entre o ensino médio e a educação superior, Horta et al (2003) afirma que se trata de um período crítico de adaptação, podendo levar o aluno a não conseguir o rendimento desejado nessa fase, gerando um sentimento de insatisfação com o curso e contribuindo com a desistência. Nesse mesmo sentido, Fagundes et al (2014) afirma que esse processo “tem um caráter de transformação multifatorial devido a intervenção de diferentes fatores sociais, culturais, individuais e acadêmicos”, como é observado na dificuldade de construção de nova rede de amizades, no distanciamento entre os familiares, nas responsabilidades que essa fase exige, na cobrança por bom desempenho, nas dificuldades financeiras, entre outras situações. Os autores observaram ainda que alunos oriundos das instituições privadas têm uma nota de acesso ao ensino superior mais elevada em relação à dos alunos provenientes das instituições públicas, o que pode influenciar diretamente em seu desempenho acadêmico. Dias et al (2019), também destacam fatores que influenciam de maneira significativa no desempenho acadêmico, como dificuldades de relacionamento com colegas e professores, dificuldades de gestão do tempo relacionada às tarefas acadêmicas, saudade dos familiares, nível de exigência, falta de autonomia, dificuldades econômicas, dificuldades cognitivas, timidez, falta de motivação, dificuldade de deslocamento, entre outros. Cabe ressaltar ainda que a conduta docente tem forte impacto sobre a permanência dos discentes no curso. Dessa forma, pesquisas que auxiliem tanto docentes quanto discentes a se organizarem para que ambos alcancem o sucesso é válida e de suma importância, principalmente em cursos de licenciatura, onde se observa um elevado índice de evasão.